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quarta-feira, 3 de julho de 2013

De jaleco ou à paisana, médicos darão hoje seu recado nas ruas

Aproveitando a onda de protestos, os médicos vão às ruas hoje, em todo o Brasil, para deixar claro o seguinte recado: o problema não é falta de profissionais do setor, mas sim as precárias condições na rede pública de saúde.

A mobilização é uma resposta ao pronunciamento da presidente Dilma Rousseff (PT), em 21 de junho, que prometeu trazer de imediato médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com representantes de associações, sindicatos e conselhos regionais de Medicina está mais do que claro que faltam condições de trabalho. “O problema da saúde é investimento. Faltam leitos, remédios, pessoal, enfermagem, suporte, tecnologia. Isso só vai melhorar no dia em que tiver financiamento para o setor”, ressalta Luiz Flávio Florenzano, responsável pela delegacia de Santos do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Ele explica que há uma publicação da entidade apresentando um estudo demográfico dos médicos do País. “A conclusão não é a escassez de médico no País, mas uma distribuição errada. O especialista não quer ir para o interior, trabalhar sem condições e com o risco de ser processado”.

A presidente da Associação Paulista de Medicina Santos, Lourdes Teixeira Henriques, salienta que o jovem não tem estímulo para procurar carreira pública longe de casa. “Ele precisa sempre se atualizar.

Vai para longe, mas não tem acesso aos livros, por exemplo. E não há como gerenciar uma carreira. Se em Santos, onde há uma qualidade de vida relativamente boa, existem problemas na saúde pública, imagine na periferia e interior. Não há condição de atender”.

Para ela, Dilma comete um grave erro ao achar que a vinda de médicos estrangeiros é a solução dos problemas. “O País tem quase o dobro de profissionais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Não faltam médicos, mas o SUS está abandonado”. Álvaro Norberto da Silva, presidente do Sindicato dos Médicos de Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande (Sindimed), diz que a categoria tem total interesse em atuar na rede pública.

“O problema é a falta de estrutura. Santos tem quase seis médicos para cada mil habitantes (a Organização Mundial de Saúde recomenda um para mil). O atendimento deveria ser de excelência. E convenhamos que isso está longe de ser um padrão Fifa”, ressalta, fazendo uma analogia com a entidade máxima do futebol mundial.

Vale ressaltar que os três profissionais não são contra a presença de médicos estrangeiros no País. Eles concordam, desde que tudo seja feito pelos meios legais, ou seja, através do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida), expedidos por universidades estrangeiras), que habilita o profissional formado no exterior a trabalhar no Brasil.

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