Dia do 'Santo Casamenteiro' é comemorado nesta quinta-feira (13).
Tradição diz que quem encontra um santinho no bolo casará em breve.

Metros e mais metros de bolo serão vendidos nesta quinta-feira (13) na festa do dia de Santo Antonio, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Três mulheres estão há mais de 10 dias fazendo os bolos que contém a imagem do Santo. Quem comanda o grupo é a comerciante conhecida como 'Tia Rosa', que já faz o trabalho há 10 anos e garante que o ‘Toinho’ traz o marido perfeito para cada mulher.

Rosa Alves de Almeida, de 68 anos, nasceu em Pernambuco e, desde quando morava lá, já era devota de Santo Antônio. Quando chegou em São Paulo e, posteriormente, em Praia Grande, ela foi procurar uma igreja que tivesse o mesmo santo como padroeiro.

No bairro do Boqueirão, Rosa conheceu a Paróquia Santo Antônio e, desde 1977, dedica parte de seu tempo as atividades sociais da igreja. Atualmente, ele é ministra de eucaristia, é responsável pela quermesse e, há 11 anos, faz os bolos de Santo Antônio. “Sou a boleira de Santo Antônio”, brinca.

Desde o começo de junho, as voluntárias começaram a pedir doações para a comunidade. Cada dia elas recebiam mais e mais pacotes dos ingredientes necessários para fazer os bolos. Os bolos começaram a serem feitos cerca de dez dias antes do dia de Santo Antônio. Elas começam os trabalhos às 7h e só param às 22h.

Neste ano, Rosa e as duas ajudantes utilizaram mais de dois mil ovos, dezenas de pacotes de farinha, margarina e leite. O bolo é pão de ló e as voluntárias têm quatro formas de tamanhos diferentes para colocar a massa. Nelas, é possível fazer bolos pequenos, médios, grandes e gigantes quadrados, além dos redondos. Neste ano, as voluntárias fizeram mais de 20 tábuas de madeira com bolos de diversos tamanhos. Serão cerca de 2 mil pedaços de bolo. O gigante dá até 300 pedaços e, o menor, cerca de 50. Durante a madrugada do dia 12 para o dia 13, elas colocam o recheio. Há de creme com ameixa, abacaxi, goiabada, creme de confeiteiro e doce de leite. A cobertura é feita com chantilly e imagens do santo. Os maiores bolos pesam 6kg cada. “Tem que ficar um bolo bonito e reforçado”, explica Rosa.

Mas, segundo Rosa, um dos itens é o mais procurado por todos. Rosa espalhará pelos bolos pelo menos 150 imagens de Santo Antônio. “O povo briga por causa do bolo. E quem achar o Toinho, casa!”, garante ela. Rosa conta que, nesses 11 anos preparando os bolos, conheceu muitas mulheres que tiveram seu desejo realizado.

A ajudante dela, Maria Alice Fernandes, de 53 anos, também faz o bolo há muito tempo. Ela afirma que a filha ficou noiva após encontrar o santo dentro do doce. “Ela pegou a medalha no bolo e está noiva”, afirma. Rosa também descreve a conquista de outra mulher. “Todo o ano ela comprava. Quando ela conseguiu foi uma ‘gritaiada’ dentro da igreja e casou depois de um ano”, lembra.

Como devota, ela conhece várias histórias relacionadas ao santo. Em uma delas, a mulher estava revoltada porque não arranjava um marido. Por isso, ela jogou a imagem do santo na rua. Sem saber, a medalhinha bateu na cabeça de um homem na rua, que se tornou o marido dela. Mais do que casamentos, Rosa garante que Santo Antônio ajuda a todos em momentos de desespero.

Cada pedaço de bolo custa R$ 3 e os redondos são vendidos inteiros. São esperadas cerca de 8 mil pessoas na festa da Paróquia de Santo Antonio, em Praia Grande. No ano passado, elas contam que conseguiram arrecadar cerca de R$ 6 mil para a igreja. Neste ano, todo o dinheiro obtido com a venda dos pedaços de bolo será destinado à construção de uma nova igreja de São José das Caieiras, em Praia Grande.

A outra ajudante na cozinha, Judite Alves Cordeiro é irmã de Rosa. Além de ajudar nos bolos, ela também faz o lírio de Santo Antônio, que simboliza a flor que ele carrega na mão. Antes, elas compravam em São Paulo, mas depois Judith aprendeu a fazer o artesanato. “Eu desmontei um e comecei a fazer. Já faço há uns cinco anos”, lembra.

As voluntárias trabalham dia e noite pelo santo e garantem que tudo é feito com muito carinho e em devoção a ele. “Quem trabalha para Santo Antônio está sempre feliz”, diz Maria Alice. Já Rosa fala que a preparação dos bolos dá muito trabalho, mas é um esforço da comunidade para homenagear o santo padroeiro da paróquia. “Não foi gasto do nosso bolso e é tudo o nosso trabalho. Mas depois do dia dele, eu só quero fazer bolo daqui um ano”, brinca ela.

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